A ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA À LUZ DA EXPERIÊNCIA DOS DISCÍPULOS DE EMAÚS

Da experiência de Emaús nasce uma espiritualidade, isto é, um modo próprio de seguir Jesus Cristo, sob a guia do Espírito Santo.
            O que é próprio da espiritualidade de Emaús? O que a experiência daqueles discípulos nos ensina? Como suas descobertas podem iluminar a vida de um(a) catequista, hoje? Na descrição do Evangelista Lucas  (Lc 24, 13-35), há sete elementos que podem fazer parte desta espiritualidade:

1º ELEMENTO: (Lc 24, 13-15)
É PRECISO CAMINHAR AO ENCONTRO DO OUTRO

            Os dois discípulos, quando voltavam para Emaús, falavam de uma situação de morte. Estavam  desanimados, medrosos e tristes, pois esperavam um Messias que os libertasse de uma escravidão político-social, e isso não tinha acontecido.
            Decepcionados, voltavam à sua rotina. Não acreditavam em mais nada, em ninguém. Não acreditaram nem mesmo nas mulheres que lhes haviam falado de Cristo Ressuscitado. Nessa hora, Jesus se aproximou deles, não como juiz, mas como um companheiro e amigo.
            1ª lição: Amar é aproximar-se do próximo em sua realidade concreta; é respeitar e acolher o outro. Catequista é quem ilumina a história do catequizando com a luz da fé.

2° ELEMENTO:  (Lc 24, 16-24)
APROXIMAR-SE DO OUTRO COM O JEITO DO RESSUSCITADO

            Jesus começou o encontro com uma interrogação: “De que vocês  estavam conversando pelo caminho?” Quem pergunta coloca-se numa situação de inferioridade. Esse gesto de humildade abre espaço para o diálogo. As pessoas só prestam atenção ao que lhes falamos quando, antes, nós mesmos lhes demos atenção.
            2ª lição: Amar é valorizar o outro, é entrar discretamente em sua vida como irmão.

3º ELEMENTO: (Lc 24, 25-27)
ILUMINAR A VIDA COM A PALAVRA DE DEUS

            Jesus fala aos discípulos o que eles já conhecem, mas ilumina suas vidas com as Escrituras, levando-os a descobrir os sinais de Deus na própria vida.
            3ª lição: Amar é ajudar o irmão a ler os fatos da vida sob a ótica de Deus.

4º ELEMENTO: ( Lc 24, 28-29)
ENTRAR NO CORAÇÃO QUE SE ABRE

            Entrar numa casa e, mais ainda, na vida do outro, é entrar em seu mistério. Assim, quando uma porta se abrir diante de nós, saibamos nela entrar para levar Jesus, e não a nós mesmos.
4ª lição: Amar é estar atento às oportunidades que aparecerem, para  repartir nossos dons com cada irmão.

5º ELEMENTO: (Lc 24, 30-31)
PARTILHAR

            O que abriu os olhos dos discípulos de Emaús, e os fez perceber a presença viva de Cristo ressuscitado, foi o gesto concreto de repartir. Os olhos do corpo não vêem mais o Senhor, mas os olhos do coração o percebem. Cristo não está mais “fora”, mas “no  coração”.
            5ª lição: Amar é partilhar com o outro. Quando Cristo partilhou o pão, os discípulos reconheceram nele aquele que, ao longo de sua vida, não fez outra coisa senão doar-se.

6º ELEMENTO: (Lc 24,32)
REVER A VIDA À LUZ DA FÉ

            As palavras de Jesus fizeram com que os Discípulos de Emaús compreendessem o próprio passado, valorizando, daí por diante, até as situações  que pareciam ter sido totalmente negativas.
            6ª lição: Amar é ajudar as pessoas a perceber a presença de Jesus Cristo em todos os momentos de sua vida.


7º ELEMENTO: (Lc 24, 33-35)
SER DISCÍPULO DE CRISTO É SER MISSIONÁRIO

            Os discípulos de Emaús compreenderam quem é Jesus Cristo: é aquele que lhes fala e inflama o coração. Animados, retomam o caminho. Não são mais os mesmos. Vão partilhar com outros a descoberta feita.
            Tornam-se evangelizadores, isto é, discípulos missionários. Em seus corações, o medo dá lugar à segurança; o desânimo dá lugar à fé. Saem, então, para anunciar aquilo que dá um novo sentido à vida: Jesus vive!
            7ª lição: Amar é estar convencido de que “conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir esse tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (Conferência de Aparecida,18).
                                                                       D. Murilo S. R. Krieger,scj
                                                                       Arcebispo de Florianópolis

Caminhar é preciso. O relato de Emaús retoma o tema do caminho. Essa imagem tem um destaque significativo na Bíblia, tanto para o povo do primeiro Testamento, como do Novo Testamento. O caminho ao longo  da História da Salvação
Esta temática não é nova, mas vai tornar-se muito forte para a Igreja, tanto quanto foi para o povo de Israel. O ato de caminhar indica o desenvolvimento da história da Salvação.
            Abrão e Sara saem de Ur, na Caldéia, peregrinam construindo o caminho  até chegarem à terra prometida. E fazem história nesse peregrinar.

                                                      Jornal Missão Jovem - "Catequese Caminhando"
                                                                             PASCOM de Nhandeara