HISTÓRIA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE
 
A primeira Campanha da Fraternidade foi realizada na arquidiocese de Natal em abril de 1962, por iniciativa do então administrador apostólico, dom Eugênio de Araújo Sales. O objetivo era fazer uma coleta em favor das obras sociais e apostólicas da arquidiocese. A comunidade rural Timbó, no município de Nísia Floresta, RN, foi o lugar onde a campanha ocorreu, pela primeira vez.

O lançamento foi feito oficialmente numa entrevista do administrador apostólico da arquidiocese às rádios Rural de Natal e Poty. Dizia, então, dom Eugênio: "Não vai lhe ser pedida uma esmola, mas uma coisa que lhe custe; não se aceitará uma contribuição como favor, mas se espera uma característica do cumprimento do dever; um dever elementar do cristão. Aqui está lançada a Campanha em favor da grande coleta do dia 8 de abril, primeiro domingo da Paixão".

A experiência foi adotada, logo em 1963, por 19 dioceses do Regional Nordeste 2, nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. Em 1964, a CNBB assumiu a Campanha da Fraternidade.

A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.

Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do Senhor.

 
 

Juventude: onde andam os jovens?


Enquanto escrevo este artigo, continuam a chegar notícias e imagens da terrível tragédia ocorrida em Santa Maria (RS), na madrugada deste domingo, dia 27. Mais de 230 mortos confirmados no incêndio da casa noturna. A maioria, jovens estudantes. Santa Maria é uma cidade universitária, com estudantes de todo o Brasil. Muita consternação.

Sofrimento e tristeza imensas abateram-se, de repente, sobre inúmeras famílias, que punham tantas esperanças nos seus filhos jovens, cheios de vida e de ideais. A dor é compartilhada pelo Brasil inteiro; de todos os lados, chegam mensagens de solidariedade, de autoridades políticas, lideranças comunitárias e pessoas comuns do povo: todos gostariam de se manifestar, de fazer algo, de dizer uma palavra de conforto às mães desesperadas diante dos corpos estendidos no chão do ginásio de esportes, para serem reconhecidos e identificados... À distância, nos colocamos em oração silenciosa, a pedir a Deus o conforto pelos que sofrem e a vida eterna para os que a perderam tão precoce e tragicamente para este mundo.

Vida e morte se encontraram numa circunstância inusitada, enquanto os jovens festejavam e se alegravam... Da diversão ao luto, em poucos minutos! Como é possível que aconteçam tragédias semelhantes? As responsabilidades ainda devem ser apuradas, mas tomam sobre si enormes encargos pela segurança, a integridade física e a vida de outras pessoas, aqueles que mantêm semelhantes locais de agregação de massas humanas, sejam os fins que forem; as medidas emergenciais de segurança estavam todas asseguradas e checadas? Espetáculos com elementos de risco estavam autorizados? Os locais estavam devidamente vistoriados e liberados pelas autoridades competentes? Estavam habilitados e treinados aqueles que deviam zelar pela segurança?

Após a tragédia, passado o silêncio respeitoso pelos mortos e aos muitos feridos e enlutados, resta fazer uma reflexão em vários setores: quanto vale a vida humana? Ela pode ser moeda de troca em função de ganhos e lucros? Cada vida humana é única e preciosa, não podendo ser exposta ao perigo, de maneira leviana; mais ainda, quando se pretendem maiores ganhos, com menores despesas em segurança. Semelhantes tragédias, igualmente em casas noturnas de diversão, têm acontecido em outros países também. Não estaria na hora de haver maior vigilância sobre a segurança de tais locais?

Para o Brasil, o motivo de tristeza ainda é maior, justamente neste ano, quando acontecerá a Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio de Janeiro. Há poucas semanas, a cruz da Jornada da Juventude peregrinou por Santa Maria, com a acolhida e a participação entusiasta de milhares de jovens. Talvez, muitos dos que perderam a vida no incêndio estiveram também entre eles... E a juventude é tema da Campanha da Fraternidade, que será aberta na próxima Quaresma: “Juventude e Fraternidade”.

A tragédia de Santa Maria nos motiva a voltarmos nossa atenção com maior empenho para os jovens: que não lhes falte a presença, o estímulo e o bom exemplo dos adultos nas escolhas que devem fazer para a vida; que tenham oportunidades para se preparar bem para assumirem seu lugar na sociedade e seu rumo na vida; que não sejam abandonados, de maneira resignada, aos ideólogos do vazio e da desorientação antropológica e moral, ou aos que investem pesado neles para explorar suas energias jovens e sua vontade de viver em função de manobras ideológicas ou ganhos econômicos, conduzindo-os para os becos sem saída da droga, da corrupção moral e social. Que não recebam apenas propostas vazias e nihilistas para suas vidas, mas orientações e indicações sólidas para a construção de seu futuro.

No Brasil, nós temos neste ano uma chance de ouro para nos dirigirmos aos jovens. São eles que terão nas mãos a responsabilidade pela vida social, logo mais, daqui a poucos anos. E da vida da Igreja também. A Campanha da Fraternidade está às portas e a Jornada Mundial da Juventude já está mobilizando muitas energias jovens pelo Brasil todo. Como faremos para envolver a maioria absoluta dos jovens, que ainda não são alcançados pelas nossas propostas pastorais, nem nossas homilias dominicais, mas que se encontram, aos milhões, nas escolas e universidades e nas casas de diversão, sábados à noite?

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
 
A humildade atrai sobre si

 
Se um homem não se amar a si mesmo, não poderá amar ninguém. A lição é ardilosa – dizem "ama os outros"… porque sabem que, se não se amar a si mesmo, nunca será capaz de amar."

Um pouco de humildade não faz mal nenhum, de modo a colocar as coisas na devida perspectiva.

Para mudar o mundo é necessário mudar-nos a nós próprios e para nos mudarmos a nós próprios, é necessária essa atenção ao nosso interior, essa permanente vontade de progressão e essa não resignação mas cheios da virutde da humildade.

A humildade atrai sobre si o amor de Deus e o apreço dos outros, ao passo que a soberba os repele. Por isso, Deus aconselha-nos: "Nos teus assuntos, procede com humildade, e haverão de amar-te mais que ao homem generoso. Torna-te pequeno nas grandezas humanas, e alcançarás o favor de Deus, e Ele revela os seus segredos aos humildes". (Eclo 3,19-21. 30-31)

O homem humilde compreende melhor a vontade divina e sabe o que Deus lhe vai pedindo em cada circunstância.

O humilde respeita os outros, as suas opiniões e as suas coisas; possui uma especial fortaleza, pois apóia-se constantemente na bondade e onipotência de Deus: "Quando sou fraco, então sou forte", proclama São Paulo.

A humildade elimina os complexos de inferioridade – que com freqüência resultam da soberba ferida -, torna-nos alegres e serviçais, sequiosos de amor de Deus: Nosso Senhor porá em nós tudo o que nos faltar.

Progredir, por outro lado, pede que sejamos capazes de retirar o máximo de ensinamentos das lições que nos são oferecidas diariamente.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2013


A igreja, ao iniciar esta caminhada quaresmal, tem os olhos fitos na cruz, donde emana a comunicação do amor de Deus por nós, na entrega de Jesus Cristo, para que nele tenhamos a vida (cf. Jo 10,10). Este gesto do Senhor é redentor, pois Ele vence todos os males e mortes que nos afligem nos salva e descortina para nós um horizonte de esperança expresso no rosto da jovem.

A cruz convida à fraternidade entre todos os povos, raças e nações, representações pelas diferentes cores e linhas que a percorrem. As tags, vistas no alto do cartaz, acenam para a comunicação rápida, a circulação de informação e as novas ambiências para encontros, as quais devem ser perpassadas pela mensagem libertadora da cruz e contribuir para o projeto de uma sociedade justa e solidária, segundo o Reino.

A Igreja com essa Campanha, cujo tema é "Fraternidade e Juventude", chama a atenção para os desafios dos jovens na edificação do projeto de Deus, dentro do contexto de mudança de época. É um período marcado pela instabilidade dos critérios de compreensão e dos valores (DGAE, n. 20), pelas novas possibilidades de interação e desigualdade de oportunidades, com forte reflexo na vida dos jovens, quer das cidades, quer do campo.

A jovem, de braços abertos em forma de cruz, representa os que são transformados pela jovialidade comunicada pela ressurreição de Jesus, a boa nova por excelência, que nos fortalece. É com esse vigor que a jovem responde ao chamado de Deus, repetindo as palavras do profeta Isaías: "Eis-me aqui. Envia-me!" (Is 6,8).
Fonte:www.portalkairos.net



 


Mensagem do Papa: Dia Mundial das Comunicações Sociais 24/01/2013


Boletim da Santa Sé



MENSAGEM
Dia Mundial das Comunicações Sociais
Quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização

Amados irmãos e irmãs,

Encontrando-se próximo o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2013, desejo oferecer-vos algumas reflexões sobre uma realidade cada vez mais importante que diz respeito à maneira como as pessoas comunicam atualmente entre si; concretamente quero deter-me a considerar o desenvolvimento das redes sociais digitais que estão a contribuir para a aparição de uma nova ágora,  de uma praça pública e aberta onde as pessoas partilham ideias, informações, opiniões e podem ainda ganhar vida novas relações e formas de comunidade.

Estes espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e debate que, se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana. A troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação, os contatos podem amadurecer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão. Se as redes sociais são chamadas a concretizar este grande potencial, as pessoas que nelas participam devem esforçar-se por serem autênticas, porque nestes espaços não se partilham apenas ideias e informações, mas em última instância a pessoa comunica-se a si mesma.

O desenvolvimento das redes sociais requer dedicação: as pessoas envolvem-se nelas para construir relações e encontrar amizade, buscar respostas para as suas questões, divertir-se, mas também para ser estimuladas intelectualmente e partilhar competências e conhecimentos. Assim as redes sociais tornam-se cada vez mais parte do próprio tecido da sociedade enquanto unem as pessoas na base destas necessidades fundamentais. Por isso, as redes sociais são alimentadas por aspirações radicadas no coração do homem.

A cultura das redes sociais e as mudanças nas formas e estilos da comunicação colocam sérios desafios àqueles que querem falar de verdades e valores. Muitas vezes, como acontece também com outros meios de comunicação social, o significado e a eficácia das diferentes formas de expressão parecem determinados mais pela sua popularidade do que pela sua importância intrínseca e validade. E frequentemente a popularidade está mais ligada com a celebridade ou com estratégias de persuasão do que com a lógica da argumentação. Às vezes, a voz discreta da razão pode ser abafada pelo rumor de excessivas informações, e não consegue atrair a atenção que, ao contrário, é dada a quantos se expressam de forma mais persuasiva. Por conseguinte os meios de comunicação social precisam do compromisso de todos aqueles que estão cientes do valor do diálogo, do debate fundamentado, da argumentação lógica; precisam de pessoas que procurem cultivar formas de discurso e expressão que façam apelo às aspirações mais nobres de quem está envolvido no processo de comunicação. Tal diálogo e debate podem florescer e crescer mesmo quando se conversa e toma a sério aqueles que têm ideias diferentes das nossas. "Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, de verdade e de beleza" (Discurso no Encontro com o mundo da cultura, Belém, Lisboa, 12 de Maio de 2010).

O desafio que as redes sociais têm que enfrentar é o de serem verdadeiramente abrangentes: então beneficiarão da plena participação dos fiéis que desejam partilhar a Mensagem de Jesus e os valores da dignidade humana que a sua doutrina promove. Na realidade, os fiéis dão-se conta cada vez mais de que, se a Boa Nova não for dada a conhecer também no ambiente digital, poderá ficar fora do alcance da experiência de muitos que consideram importante este espaço existencial. O ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade cotidiana de muitas pessoas, especialmente dos mais jovens. As redes sociais são o fruto da interacção humana, mas, por sua vez, dão formas novas às dinâmicas da comunicação que cria relações: por isso uma solícita compreensão por este ambiente é o pré-requisito para uma presença significativa dentro do mesmo.

A capacidade de utilizar as novas linguagens requer-se não tanto para estar em sintonia com os tempos, como sobretudo para permitir que a riqueza infinita do Evangelho encontre formas de expressão que sejam capazes de alcançar a mente e o coração de todos. No ambiente digital, a palavra escrita aparece muitas vezes acompanhada por imagens e sons. Uma comunicação eficaz, como as parábolas de Jesus, necessita do envolvimento da imaginação e da sensibilidade afetiva daqueles que queremos convidar para um encontro com o mistério do amor de Deus. Aliás sabemos que a tradição cristã sempre foi rica de sinais e símbolos: penso, por exemplo, na cruz, nos ícones, nas imagens da Virgem Maria, no presépio, nos vitrais e nos quadros das igrejas. Uma parte consistente do patrimônio artístico da humanidade foi realizado por artistas e músicos que procuraram exprimir as verdades da fé.

A autenticidade dos fiéis, nas redes sociais, é posta em evidência pela partilha da fonte profunda da sua esperança e da sua alegria: a fé em Deus, rico de misericórdia e amor, revelado em Jesus Cristo. Tal partilha consiste não apenas na expressão de fé explícita, mas também no testemunho, isto é, no modo como se comunicam "escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele" (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011). Um modo particularmente significativo de dar testemunho é a vontade de se doar a si mesmo aos outros através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana. A aparição nas redes sociais do diálogo acerca da fé e do acreditar confirma a importância e a relevância da religião no debate público e social.

Para aqueles que acolheram de coração aberto o dom da fé, a resposta mais radical às questões do homem sobre o amor, a verdade e o sentido da vida – questões estas que não estão de modo algum ausentes das redes sociais – encontra-se na pessoa de Jesus Cristo. É natural que a pessoa que possui a fé deseje, com respeito e tato, partilhá-la com aqueles que encontra no ambiente digital. Entretanto, se a nossa partilha do Evangelho é capaz de dar bons frutos, fá-lo em última análise pela força que a própria Palavra de Deus tem de tocar os corações, e não tanto por qualquer esforço nosso. A confiança no poder da ação de Deus deve ser sempre superior a toda e qualquer segurança que possamos colocar na utilização dos recursos humanos. Mesmo no ambiente digital, onde é fácil que se ergam vozes de tons demasiado acesos e conflituosos e onde, por vezes, há o risco de que o sensacionalismo prevaleça, somos chamados a um cuidadoso discernimento. A propósito, recordemo-nos de que Elias reconheceu a voz de Deus não no vento impetuoso e forte, nem no tremor de terra ou no fogo, mas no "murmúrio de uma brisa suave" (1 Rs 19, 11-12). Devemos confiar no fato de que os anseios fundamentais que a pessoa humana tem de amar e ser amada, de encontrar um significado e verdade que o próprio Deus colocou no coração do ser humano, permanecem também nos homens e mulheres do nosso tempo abertos, sempre e em todo o caso, para aquilo que o Beato Cardeal Newman chamava a "luz gentil" da fé.

As redes sociais, para além de instrumento de evangelização, podem ser um fator de desenvolvimento humano. Por exemplo, em alguns contextos geográficos e culturais onde os cristãos se sentem isolados, as redes sociais podem reforçar o sentido da sua unidade efetiva com a comunidade universal dos fiéis. As redes facilitam a partilha dos recursos espirituais e litúrgicos, tornando as pessoas capazes de rezar com um revigorado sentido de proximidade àqueles que professam a sua fé. O envolvimento autêntico e interativo com as questões e as dúvidas daqueles que estão longe da fé, deve-nos fazer sentir a necessidade de alimentar, através da oração e da reflexão, a nossa fé na presença de Deus e também a nossa caridade operante: "«Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine" (1 Cor 13, 1).

No ambiente digital, existem redes sociais que oferecem ao homem atual oportunidades de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Mas estas redes podem também abrir as portas a outras dimensões da fé. Na realidade, muitas pessoas estão a descobrir – graças precisamente a um contato inicial feito on line – a importância do encontro direto, de experiências de comunidade ou mesmo de peregrinação, que são elementos sempre importantes no caminho da fé. Procurando tornar o Evangelho presente no ambiente digital, podemos convidar as pessoas a viverem encontros de oração ou celebrações litúrgicas em lugares concretos como igrejas ou capelas. Não deveria haver falta de coerência ou unidade entre a expressão da nossa fé e o nosso testemunho do Evangelho na realidade onde somos chamados a viver, seja ela física ou digital. Sempre e de qualquer modo que nos encontremos com os outros, somos chamados a dar a conhecer o amor de Deus até aos confins da terra.

Enquanto de coração vos abençoo a todos, peço ao Espírito de Deus que sempre vos acompanhe e ilumine para poderdes ser verdadeiramente arautos e testemunhas do Evangelho. "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15).

            Vaticano, 24 de Janeiro – Festa de São Francisco de Sales – do ano 2013
            Vivamos bem a Festa do Batismo do Senhor

A liturgia neste tempo Natalício-epifânico nos propõe para celebrarmos o Batismo do Senhor. Mas o que significa esta festa? Primeiramente quer render graças ao Pai pelo envio de seu amado Filho na força do Espírito Santo. Depois, quer reforçar nosso compromisso batismal. A Iniciação Cristã é composta de três etapas de um mesmo Mistério: Batismo, Crisma e Eucaristia. Nosso ser cristão inicia com o Batismo e termina com a Eucaristia. Mas você notou que a ordem dos sacramentos está diferente?

No início do cristianismo a Iniciação cristã era realizada deppis de um tempo longo de preparação (as vezes 3 anos), que começava na Quaresma e era celebrado na Noite Santo da Vigília Pascal. Na Noite Santa da Vigília os catecúmenos aproximavam da piscina batismal e eram mergulhados três vezes nas águas, ao sairem eram ungidos com o Santo Óleo que conferia o Crisma e depois, participava da Prece Eucarística comungando do Corpo e Sangue do Senhor. Como visto, a ordem dos sacramentos era: primeiro o batismo, depois o Crisma e por fim, a Eucaristia! No passar do tempo a ordem foi sendo alterada e não mais se recebiam os três sacramentos na mesma celebração. Contudo, o RICA (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos) propõe a recuperação do catecumenato e das etapas para a receber a Iniciação. As catequistas deveriam conhecer o RICA, que tal nas reuniões estudarem juntos o RICA?

A festa litúrgica do Batismo do Senhor deve ser bem vivida na catequese. Como pista pastoral-catequética propomos:

1. apresentar os elementos do Batismo (Fonte Batismal, o Círio Pascal, os Santos Óleos).

2. apresentar os Sacramentos do Batismo, do Crisma e da Eucaristia como etapas de uma caminhada para sermos cristãos. Portanto, os três sacramentos são como que três degraus para sermos cristãos.

3. pensar na catequese cristã como um tempo catecumenal sério e compromisso com a Igreja.

Por fim, apresento uma catequese msitagógica sobre a Pia/fonte batismal:

Pia Batismal – Nas igrejas antigas (e até em igrejas modernas, pois este costume está sendo retomado) a Pia Batismal era colocada na ...porta de entrada do Templo Sagrado, para mostrar que o Batismo é de fato o Sacramento que nos introduz o fiel na vida da Igreja. Podemos comparar a Pia Batismal ao útero da mulher. O útero é o lugar onde se gera e se desenvolve a vida humana, em meio a líquidos. É o lugar onde por meio do período da gestação o feto se desenvolve até a sua completa formação. Da mesma forma a Pia Batismal é o lugar aonde se gera filhos para Deus Pai e para a Mãe Igreja. A mulher é a Igreja, a pia batismal é o útero que gera vida nova em meio a águas (líquidos).

Que a festa litúrgica do Batismo do Senhor nos anime a viver nosso batismo com fidelidade. E que as catequistas façam de seus encontros catequéticos espaços de encontro pessoal com Cristo!
Por: Ms. VANDERSON DE SOUSA SILVA
MESTRE EM TEOLOGIA LITÚRGICA Rio de Janeiro


         Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo

Multidões se extasiavam, há poucos dias, diante do espetáculo de luz e som que marcavam a passagem do ano. Ao brilho da luz que irrompia na explosão dos fogos, no jogo dos canhões de luz que, dançando, se perdiam no espaço até se extinguirem. Os corações vibravam numa alegria que depois se esvaia, perdida no cansaço e na escuridão que se seguia, agravada pela densidade da fumaça da queima dos fogos.

Os magos seguiram a estrela. Para todos nós, com certeza nunca faltará uma luz em nosso caminho para nos guiar para Cristo. Os jovens que para cá virão no próximo mês de julho, vêm também em busca dessa luz que é Cristo. Faltam 200 dias para a JMJ Rio 2013. Os passos dados, as preparações feitas já despertam a curiosidade dos noticiários, e reflexões são elaboradas para, sob vários olhares, tentarem compreender a Igreja que vive a sua missão evangelizadora.

Cristo se manifestou como luz para todos os homens! A salvação foi dirigida também aos “gentios”, que recebem a mesma possibilidade de encontrar, em Cristo, a salvação. Cristo é a luz verdadeira que deveria vir a este mundo; Ele ilumina as trevas da humanidade.

A Luz. A humanidade busca a Luz, mas a sobra do pecado, qual nuvem escura e negra, tenta obstruir este anseio do mais profundo do nosso coração. E as luzes deste mundo são fugazes, perdem-se como os canhões de luz que rodopiam na escuridão e, depois, se apagam. Não preenchem o vazio do íntimo do nosso ser, como escreve Santo Agostinho: “Estáveis dentre de mim e eu te procurava fora. Inquieto está nosso coração enquanto não repousa em Vós”.

A Luz verdadeira veio ao mundo, e mesmo aquele povo que tinha sido preparado pelos seus patriarcas e profetas para acolhê-la, não a receberam. Apenas os de coração aberto, que a buscavam na sinceridade de suas vidas, sentiam sua presença, conduzidos pela Estrela. E puseram-se a caminho.

A fé dava-lhes força para prosseguir a jornada, apesar das distâncias, da aspereza do caminho. Como a Samaritana junto ao poço de Jacó, também a eles foi revelado que a salvação viria dos judeus. Bateram às portas de Jerusalém, que tinha ciência de que a Luz estava por vir, inclusive, de que surgiria da raiz de Jessé, na pequenina Belém.

Mas, a ambição e a ânsia do poder ofuscavam-lhes a mente e maquinaram abafar aquela pequena chama que luzia numa manjedoura. E despediram os Magos. E eles partiram à luz da Estrela que pousou onde estava o Menino e sua Mãe, e O adoraram.

A humanidade, hoje, numa cultura globalizada, está confusa e perdida, como profetizou Isaias: “Um povo que vivia nas trevas...” Precisa que se lhe aponte uma grande Luz, capaz de dar sentido ao desenvolvimento técnico que alcançou, mas incapaz de lhe dar a paz.

O apóstolo Paulo, na sua carta aos Efésios, nos fala da misericórdia de Deus que se abre pela pregação apostólica, no anúncio da manifestação da salvação para todos os povos. Um povo que vivia nas trevas viu uma grande Luz. Escrevendo aos Romanos (cap.10), como que lamenta a falta de arautos a apontar essa Luz a todos os corações: “Como poderão invocar aquele em que não creram? E, como poderiam crer naquele que não ouviram? E como poderão ouvir sem pregador?” E conclui, com Isaias: “Quão maravilhosos os pés dos que anunciam boas notícias.”.

Ao olharmos, como Jesus, a Jerusalém, a cidade de hoje, o mundo contemporâneo, o nosso lamento é desesperador ante a cultura da degradação moral e da morte. Debatemo-nos, inutilmente, à procura das causas imediatas e concluímos por soluções contaminadas pela mesma cultura, como guerras, opressões, prisões e mortes, incapazes de nos dar a Paz. Como Herodes e sua turma, não nos abrimos ao brilho da Estrela de Belém.

Não há salvação senão em Jesus. Ai de mim, se não evangelizar, exclama a Igreja com o apóstolo. O “Ano da Fé”, em seguimento ao Concílio Vaticano II, nos concita a uma nova evangelização. A não fecharmos em nós mesmos o dom que recebemos. Não que a mensagem de Cristo tenha envelhecido. Sua luz é perene e eterna. A nossa pregação é que tem de se tornar atual, capaz de iluminar, pelo Evangelho, as mentes e corações, a evolução técnica e social da humanidade, incentivando-a e reconhecendo seus valores, mas indicando-lhes que os ponteiros deste desenvolvimento têm de apontar para o Infinito.

Nós, cristãos, não podemos aceitar que o sal da terra se torne insípido e a luz fique escondida. A nova cidade dos homens somente encontrará a paz se brilhar sobre ela a Luz.  Então veremos a realização da visão profética de Isaias: ”A luz nasceu para os que habitavam a região da sombra da morte. Multiplicaste o povo e fizeste nascer a alegria”.

Por: DOM ORANI JOÃO TEMPESTA, O. Cist.
ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO, RJ
1º Encontro de Louvor e Adoração Jovem 22/07/2012
FELIZ ANO-NOVO

Um antigo místico dizia que, ao iniciar novo ano, devemos iniciar também nova vida, do contrário permanecemos no ano velho. Maria meditava os acontecimentos em seu coração. A exemplo dela, devemos meditar sobre o uso que fazemos do tempo, que passa veloz, e sobre como o aproveitamos. Quem não o utiliza bem acaba perdendo parte da própria vida. Se queremos passar nosso tempo felizes, devemos concentrar-nos naquilo que realmente vale. Sempre podemos recomeçar – ano-novo é propício para isso.
Ao iniciar mais um ano civil, é de praxe desejar-nos “feliz ano-novo”, augúrio que demonstra a alegria transbordando do nosso íntimo diante da novidade que nos aguarda. Todo início de ano temos a tendência de, a exemplo dos pastores, nos projetar para o novo que se anuncia (“todos se admiravam com aquilo que os pastores contavam”). Nem sempre, porém, conseguimos contar muitas maravilhas a respeito de nós mesmos, de nossa comunidade e de nosso país.
Quando damos feliz ano-novo:
– queremos um país que não elimine as crianças e não discrimine nem maltrate negros, índios, pobres e mulheres, superando todo tipo de violência e preconceito;
– desejamos um país que valorize a família e no qual as famílias se pautem pelo amor, diálogo e respeito;
– almejamos um país que cure as feridas dos doentes e não os deixe à margem, morrendo à míngua; com profissionais da saúde que exerçam o sacerdócio da cura e não se voltem apenas para a busca de lucro;
– sonhamos com uma escola que ensine, uma educação que prepare para a vida, acessível a todos. Escola que não se limite a transmitir conceitos, mas forme profissionais competentes, cidadãos honestos e de caráter;
– torcemos por um país que ouça o clamor dos esquecidos e dos humildes e deixe de se inclinar diante dos poderosos; que dê atenção aos homens confiáveis e éticos, pois, com frequência, os corruptos ainda têm mais vez e voz do que os honestos.
Então, sim, poderemos dizer que teremos um ano realmente feliz. Que Maria, mãe de Deus, nos ajude a conquistar, ao longo deste ano, esses valores.
Pe. Nilo Luza, ssp
Missa em Honra a São João Batista 24/06/2012


Quermesse de São João Batista