10º Domingo do Tempo Comum - 09 de Junho de 2013

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Ele veio devolver a vida

1ª Leitura: 1Rs 17,17-24; 
Salmo Responsorial: Sl 29(30), 2.4.5-6.11.12a.13b (R/2.a.4b);
Segunda Leitura: Gl 1,11-19;
Evangelho: Lc 7,11-17


Situando-nos brevemente
         
Hoje, mais uma vez, nosso Deus, “fonte de todo o bem”, nos reúne e nos dá a graça de ouvirmos sua Palavra de vida e celebrarmos a Eucaristia. Ele nos fala com muito carinho e, com mais carinho ainda, nos oferece depois um banquete em memória da morte e ressurreição de Jesus. Por isso chamamos a Eucaristia também de “ceia memorial do Senhor”.
         Esta nossa reunião acontece num contexto mais amplo da vida da Igreja. Hoje, celebramos a memória do grande ‘apóstolo do Brasil’, o beato José de Anchieta. É bom também lembrar que estamos no mês de junho, mês das festas juninas, como a do popular Santo Antônio, celebrado na próxima quinta-feira, dia 13. Qual outro acontecimento importante poderia lembrar?...
         Agora vamos partilhar um pouco sobre a Palavra do nosso Deus que acabamos de ouvir. Tomara que, também nesta partilha, possamos sentir, de fato, a presença do próprio Jesus que nos explica as Escrituras.

Recordando a Palavra

         Estamos em Naim, um povoado da Galileia. Próximo, portanto, de Nazaré. Próximo também de Cafarnaum, aonde Jesus, como vimos domingo passado, curou o empregado daquele oficial romano, portanto um pagão, que acreditou em Jesus mais do que os judeus.
         É para o povoado de Naim que Jesus se desloca e, claro, os discípulos e “uma grande multidão” iam com ele. Podemos imaginar: uma verdadeira procissão!Apenas chegando ao povoado, eis que se depara com um cortejo fúnebre. Uma senhora viúva, ao lado do caixão, chorava copiosamente a perda de seu único filho. Jesus, ao ver a aflição daquela mulher, moveu-se de compaixão para com ela e lhe dirigiu uma palavra de consolo: “Não chore!”. Aproximou-se, então, e tocou o caixão. As pessoas que o carregavam pararam. Jesus emite uma palavra de ordem: “Moço, levanta-te”. O morto levantou-se, começou a falar, sendo então entregue por Jesus à mãe. Observemos um detalhe: o povo todo dali, que estava ao redor, ficou com muito medo e,ao mesmo tempo, dava glórias a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar seu povo”. Deus veio visitar o seu povo ! Evidentemente, a notícia logo se espalhou por todos os lados.    
         Encontramos histórias parecidas com esta, de um defunto, filho único de uma senhora viúva, voltar a viver, lá no século 8º antes de Cristo. Trata-se da história dói filho de uma viúva do povoado de Sarepta, generosa hospedaria do profeta Elias (cf. 1Rs 17,7-16). Tempo de seca. A situação do povo era grave. Para piorar, o filho daquela dona de casa morre (v. 17). Imaginam a situação daquela mãe: viúva e, agora, totalmente sem arrimo, e havendo possibilidade de os poucos bens do falecido passarem para as mãos de juízes gananciosos!... Consternada, com o filho morto nos braços, “se queixa contra o profeta. Ela supõe que a presença do homem de Deus, ali, tenha desenterrado as faltas dela, provocando a ira Deus, que pune o erro dos pais e filhos. Noção cruel de Deus (...). O profeta toma então o menino no colo, sobe ao piso, coloca-o na cama, suplica clemência para a viúva, e procede a um ritual estranho: deita-se três vezes sobre o menino e de novo suplica para que torne a viver. O profeta se mostra, assim, instrumento de vida, suplicando ao Deus da vida. E o menino revive”,. Elias desce, entrega o menino à mãe que diante do acontecido, muda completamente de ideia. Ela reconhece que Elias é realmente profeta por meio do qual se cumpre a palavra do Senhor. Diz ela: “Agora vejo que és um homem de Deus, e que a palavra do Senhor é verdadeira em tua boca”(v.24).
         Duas histórias parecidas falando da vida resgatada por Deus. Histórias que transformam corações despedaçados pela tristeza em corações cheios de conhecimento e gratidão, o que se reflete no Salmo 29 que hoje cantamos, cujo refrão soa assim: “Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livraste e preservastes minha vida da morte!”(v.2).
         Duas histórias parecidas, com conteúdos complementares. Enquanto, na história vivida em Sarepta, a viúva reconhece o profeta como “um homem de Deus” (v. 24), na história a ressurreição do jovem de Naim, Jesus é visto pelo povo como “um grande profeta que apareceu no meio de nós” e, na sua pessoa, “Deus veio visitar o povo”. O Evangelho o apresenta como sendo o próprio “Senhor” (cf. v. 13). É desse Senhor que Paulo nos diz que lhe foi revelado como Filho de Deus a ser anunciado aos pagãos, como vimos na segunda leitura.

Atualizando a Palavra
         Em Israel, no tempo de Jesus, a situação da mulher viúva era a pior que existia. Ela tinha que se “virar sozinha” para sustentar a si e aos filhos. Os filhos eram para ela a esperança de sua velhice. Agora, imaginem a situação e uma viúva cujo filho único vem a morrer. Pois bem, a Palavra de Deus nos conta hoje “como respectivamente Elias e Jesus ressuscitaram um filho de uma viúva: Elias, com muito trabalho; Jesus, com um toque de mão. Se Elias era um ‘homem de Deus”, um profeta, Jesus é o Senhor’, e o povo exclama: “Um grande profeta nos visitou! Deus visitou o seu povo’!”.
         Deus visitou o seu povo! E como o fez? Sabemos que “quando um governador ou presidente visita uma cidade, dificilmente vai para se ocupar com um cortejo que casualmente cruza seu caminho. Vai ver o prefeito, isso sim. Mas o filho de Deus se torna presente à vida de uma pobre viúva que está levando seu filho – sua esperança – ao enterro. Deus visita os pobres e os pecadores: a viúva, Zaqueu... Aqueles que são abandonados pelos outros. Em Jesus, Deus nos mostra o caminho que conduz aos marginalizados”.
          A divina Palavra nos mostra que o sistema de Deus é bem diferente do nosso. “Enquanto que nós gostamos de investir naqueles que já tem poder e influência, Jesus começa com aqueles que estão à margem da sociedade. O Reino de Deus começa na periferia. E revela-se um Reino de vida para os deserdados”.
         Há ainda mais outro detalhe. A visita de Deus leva o povo também a sentir uma natural responsabilidade: a “responsabilidade da gratidão. O que o povo fez? Ele espalhou a fama de Jesus por toda a região. Mostrou que soube dar valor à visita que recebeu. A Igreja terá de celebrar a mesma gratidão por Deus, que fez grandes coisas aos pequenos. Muitos ainda não são capazes disso. Não sabem se alegrar com a visita de Deus aos pequenos. Por isso lhes escapa a grandeza da visita. Mas, afinal, quando é que sentimos Deus verdadeiramente próximo de nós: ao se realizar uma grande solenidade, ou quando um gesto de amor atinge uma pessoa carente?”.

Ligando a ação com a Eucaristia
       
         Logo mais, durante a liturgia eucarística, louvaremos e bendiremos nosso “Pai misericordioso e Deus fiel” que nos deu “sei filho Jesus Cristo, nosso Senhor e Redentor, que sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados”. Louvamos nosso Deus porque esse Jesus nos mostrou, com sua vida  e palavra, que temos um Pai que cuida de todos como filhos e filhas. Ao mesmo tempo, pedimos que o Senhor Deus, por seu Espírito, nos dê “olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs”; que ele nos inspire “palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos”;e que, “a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles”. E pedimos que a Igreja de Deus, que somos todos nós, “seja testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, para que toda a humanidade se abra à esperança de um mundo novo”.
         Enfim, que Deus misericordioso, que por Jesus Cristo e seu Espírito vem curar nossos males, modele nossos corpos por esta Eucaristia, libertando-nos das más inclinações e orientando para o bem a nossa vida. Amém, irmãos, amém!

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