Discípulos missionários a partir do Evangelho de Lucas
“Alegrai-vos comigo, encontrei o que havia perdido” (cf. Lc 15)

Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse:
"Não chores!"

Texto de Lc 7,11-17
     
Este relato da viúva de Naim encontra-se somente no Evangelho de Lucas. Tem estreita ligação com o episódio de Elias: a viúva de Sarepta e seu filho sintetizam a situação do povo. 
Ambos tratam da morte do filho único, cuja mãe é viúva. As viúvas, os órfãos e os estrangeiros representam a categoria de necessitados.

Jesus vai com seus discípulos para um pequeno vilarejo, que fica entre Cafarnaum e a Samaria, chamado Naim. Naim é uma cidade murada. Do seu interior, para a porta vem uma procissão, acompanhando o enterro do filho único de uma viúva. Dois grupos em sentido contrário encontram-se à porta da cidade. Jesus vê a situação em que se encontra aquela mãe e fica comovido “movido em suas entranhas”. É um profundo sentimento de amor e compaixão.
Jesus nos surpreende com sua compaixão. É Jesus que toma a iniciativa de ir ao encontro da viúva.  “Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: Não chores!” A iniciativa de Jesus é provocada pela sua compaixão. A palavra de Jesus penetra no coração das pessoas. É Jesus que nos informa do sofrimento da mulher: “Não chores” e que o morto era um jovem. É da pessoa que sofre que Jesus tem compaixão. É o Senhor da vida que se dirige à viúva. O que importa não é a morte, nem o retorno à vida, mas que uma mãe viúva tenha perdido seu único filho. O retorno à vida não é o objetivo de Jesus, mas a consolação da mãe que chora. “E Jesus o entregou à sua mãe”.


“Não chores!”...
Ao aproximar-se da pequena cidade de Naim, Jesus fixa seus olhos numa mulher dilacerada pela desgraça: uma viúva só e desamparada, que acaba de perder seu filho único e que estão levando para enterrar. Ao vê-la, Jesus se comove. De seus lábios saem apenas duas palavras que devemos ouvir, do mais profundo de nosso ser, como vindas do próprio Deus: “Não chores!” Jesus aproxima-se de sua dor para trazer-lhe vida. Sempre é possível a esperança. Inclusive diante da morte.

Em Lucas as mulheres fazem a experiência de sentir um olhar diferente, um olhar de compaixão, de amor, de ternura. Jesus olha as mulheres de maneira diferente. Elas percebem um olhar que as acolhe, que as ama. Ele nota imediatamente a sua presença entre os ouvintes. Elas também precisam ouvir a Boa Notícia de Deus e partilhá-la com outras mulheres que não se atrevem a sair de casa, por causa do costume e do domínio do homem. Com uma sensibilidade nada habitual numa sociedade machista, Jesus tem o costume de falar explicitamente com as mulheres, tornando-as visíveis relevando sua atuação. 
Jesus se põe no lugar das mulheres e as faz protagonistas de suas parábolas: do fermento na massa, de um pai materno que corre abraçar seu filho, da ovelha perdida, da mulher angustiada que varre a casa para encontrar a moeda perdida. As mulheres sentem Jesus muito próximo como ele as ajuda a acolher sua mensagem. Deus está fazendo algo parecido com aquilo que elas fazem, ao produzir o pão:  introduzindo no mundo uma força transformadora.

Vamos refletir:
Como discípula (o) de Jesus, você já foi conforto e alento para alguém cheio de dor?
A partir do exemplo de Jesus, como você pode crescer na valorização da mulher?


Fonte:  
O caminho aberto por Jesus.  Pagola, Antonio José – pg. 136
Agenda Bíblica – Paulinas 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário