Expressões
dessa união:
orações pelos defuntos, culto dos santos
orações pelos defuntos, culto dos santos
50.
Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a
Igreja dos que ainda peregrinam, cultivou com muita piedade desde os primeiros
tempos do Cristianismo a memória dos defuntos (151) e, «porque é coisa santa e
salutar rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados» (2 Mac.
12,46), por eles ofereceu também sufrágios. Mas, os apóstolos e mártires de
Cristo que, derramando o próprio sangue, deram o supremo testemunho de fé e de
caridade, sempre a Igreja acreditou estarem mais ligados connosco em Cristo, os
venerou com particular afecto, juntamente com a Bem-aventurada Virgem Maria e
os santos Anjos (152) e implorou o auxílio da sua intercessão. Aos quais bem
depressa foram associados outros, que mais de perto imitaram a virgindade e
pobreza de Cristo (153) e, finalmente, outros, cuja perfeição nas virtudes
cristãs (154) e os carismas divinos recomendavam à piedosa devoção dos fiéis
(155).
Com
efeito, a vida daqueles que fielmente seguiram a Cristo, é um novo motivo que
nos entusiasma a buscar a cidade futura (cfr. Hebr. 14,14; 11,10) e, ao mesmo
tempo, nos ensina um caminho seguro, pelo qual, por entre as efémeras
realidades deste mundo e segundo o estado e condição próprios de cada um,
podemos chegar à união perfeita com Cristo, na qual consiste a santidade (156).
É sobretudo na vida daqueles que, participando connosco da natureza humana, se
transformam, porém, mais perfeitamente à imagem de Cristo, (cfr. 2 Cor. 3,18)
que Deus revela aos homens, de maneira mais viva, a Sua presença e a Sua face.
Neles nos fala, e nos dá um sinal do Seu reino (157), para o qual, rodeados de
uma tão grande nuvem de testemunhas (cfr. Hebr. 12,1) e tendo uma tal afirmação
da verdade do Evangelho, somos fortemente atraídos.
Porém,
não é só por causa de seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados,
mas ainda mais para que a união de toda a Igreja aumente com o exercício da
caridade fraterna (cfr. Ef. 4, 1-6). Pois, assim como a comunhão cristã entre
os peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim a comunhão com os santos nos
une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e ã
própria vida do Povo de Deus(158).
É,
portanto, muito justo que amemos estes amigos e co-herdeiros de Jesus Cristo,
nossos irmãos e grandes benfeitores, que dêmos a Deus, por eles, as devidas
graças (159), «lhes dirijamos as nossas súplicas e recorramos às suas orações,
ajuda e patrocínio, para obter de Deus os benefícios, por Seu Filho Jesus
Cristo, Nosso Senhor e Redentor e Salvador único» (160) Porque todo o genuíno
testemunho de veneração que prestamos aos santos, tende e leva, por sua mesma
natureza, a Cristo, que é a «coroa de todos os santos» (161) e, por Ele, a Deus, que é
admirável nos seus santos e neles é glorificado (162).
Mas a
nossa união com a Igreja celeste realiza-se de modo mais sublime. quando,
sobretudo na sagrada Liturgia, na qual a virtude do Espírito Santo actua sobre
nós através dos sinais sacramentais, concelebramos em comum exultação os
louvores da divina Majestade (163) e, todos de todas as tribos, línguas e
povos, remidos no sangue de Cristo (cfr. Apoc. 5,9) e reunidos numa única
Igreja, engrandecemos com um único canto de louvor o Deus uno e trino. Assim,
ao celebrar o sacrifício eucarístico, unimo-nos no mais alto grau ao culto da
Igreja celeste, comungando e venerando a memória, primeiramente da gloriosa
sempre Virgem Maria, de S. José, dos santos Apóstolos e mártires e de todos os
santos (164).
(Documento Constituição: Lumen Gentium - Sobre a Igreja - Cap.VII - A Índole Escatalógia da Igreja Peregrina e a sua União com a Igreja Celestial)
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