Unidade
na diversidade
Um só
é, pois, o Povo de Deus: «um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo (Ef. 4,5);
comum é a dignidade dos membros, pela regeneração em Cristo; comum a graça de
filhos, comum a vocação à perfeição; uma só salvação, uma só esperança e uma
caridade indivisa. Nenhuma desigualdade, portanto, em Cristo e na Igreja, por
motivo de raça ou de nação, de condição social ou de sexo, porque «não há judeu
nem grego, escravo nem homem livre, homem nem mulher: com efeito, em Cristo Jesus , todos
vós sois um» (Gál. 3,28 gr.; cfr. Col. 3,11).
Portanto,
ainda que, na Igreja, nem todos sigam pelo mesmo caminho, todos são, contudo,
chamados à santidade, e a todos coube a mesma fé pela justiça de Deus (cfr. 2
Ped. 1,1). Ainda que, por vontade de Cristo, alguns são constituídos doutores,
dispensadores dos mistérios e pastores em favor dos demais, reina, porém,
igualdade entre todos quanto à dignidade e quanto à actuação, comum a todos os
fiéis, em favor da edificação do corpo de Cristo. A distinção que o Senhor
estabeleceu entre os ministros sagrados e o restante Povo de Deus, contribui
para a união, já que os pastores e os demais fiéis estão ligados uns aos outros
por uma vinculação comum: os pastores da Igreja, imitando o exemplo do Senhor,
prestem serviço uns aos outros e aos fiéis: e estes dêem alegremente a sua
colaboração aos pastores e doutores. Deste modo, todos testemunham, na
variedade, a admirável unidade do Corpo místico de Cristo: a própria
diversidade de graças, ministérios e actividades, consagra em unidade os filhos
de Deus, porque «um só e o mesmo é o Espírito que opera todas estas coisas»
(1 Cor.
12,11).
Os
leigos, portanto, do mesmo modo que, por divina condescendência, têm por irmão
a Cristo, o qual, apesar de ser Senhor de todos, não veio para ser servido mas
para servir (cfr. Mt. 20,28), de igual modo têm por irmãos aqueles que, uma vez
estabelecidos no sagrado ministério, apascentam a família de Deus ensinando,
santificando e governando com a autoridade de Cristo, de modo que o mandamento
da caridade seja por todos observado. A este respeito diz belissimamente S.
Agostinho: «aterra-me o ser para vós, mas consola-me o estar convosco. Sou para
vós, como Bispo; estou convosco, como cristão. Nome de ofício, o primeiro; de
graça, o segundo; aquele, de risco; este, de salvação»(111).
(Documento Constituição: Lumen Gentim - Sobre a Igreja - Cap. IV - Os Leigos)
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