A fé cristã se articula num duplo movimento. A fé é, primeiramente, iniciativa de Deus que se revela a nós. Nesse sentido, a fé é graça, um dom, uma virtude sobrenatural infundida por Deus.  Num segundo momento, a fé se expressa como resposta humana ao Deus que se revela. Cabe, por conseguinte, ao ser humano a obediência da fé.
 
Maria, Modelo de fé

Obedecer na fé significa submeter-se livremente a Deus e sua Palavra. Desta obediência, a Virgem Maria é sua mais perfeita realização (Catecismo da Igreja Católica – CIC 144). Ela acolheu positivamente o convite do Pai, trazido pelo anjo Gabriel. Acreditou que “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37) e deu seu assentimento: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Como veículo do Espírito Santo, Isabel proclamou o verdadeiro sentido da felicidade de Maria: “Bem-aventurada a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,45). De fato, nenhuma fé seria necessária à Virgem, se ela fosse conceber de forma natural.
 
A anunciação é o momento culminante da fé de Maria e o ponto de partida para o seu itinerário para Deus, para sua caminhada de fé (Redentoris Missio 14). Nesse caminhar, mesmo sem compreender todo o mistério de seu Filho, ela ousou guardar todos os acontecimentos em seu coração (Lc 2,51b). Unida intimamente a Jesus, a Virgem avançou no caminho da fé e “foi até a ‘noite da fé’, comungando com o sofrimento de seu Filho e com a noite de seu túmulo” (CIC 165). Sua fé, inserida na tradição judaica, teve que se abrir para a novidade do Evangelho pregado por Jesus. Esse peregrinar culminou na sua participação orante junto à comunidade cristã (cf At 1,14).
 
Por cumprir fielmente a vontade de Deus, Maria tornou-se modelo de todos “os que ouvem a palavra de Deus e a praticam” (Lc 8,21; 11,28); tornou-se modelo da Igreja na fé, na esperança, na caridade e na missão apostólica (Lumen Gentium 53; 65). A Igreja, na sua missão de mãe na fé, deve, portanto, seguir o exemplo de Maria, que viveu a fé e ensinou a Jesus tudo quanto sabia. Assim, também nós peregrinos na fé, somos chamados a guardar o “depósito da fé” e a transmitir às novas gerações a verdade professada ininterruptamente por nossos antepassados.
 
Verdadeira mãe e pedagoga da fé, Maria é modelo de seguimento de Jesus Cristo. Na Virgem, peregrina da fé, a humanidade deposita sua confiança, seu amor, sua vida e sua história. Ela, como boa mãe, responde ao apelo dos que pertencem a sua raça, não cansando de repetir o seu convite evangélico: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).
Wellinton Silva, Jornal Missão Jovem

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