SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS
O QUE DEUS EXIGE DE NÓS?
(cf Miquéias 6,6-8)
DIA 2
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Caminhando
com o corpo ferido de Cristo
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Leituras
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Ezequiel
37,1-14
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“Essas
ossadas podem reviver?”
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Salmo
22,1-8
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O servo
de Deus, insultado e ridicularizado, clama a Deus
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Hebresu
13, 12-16
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O
chamado para ir a Jesus “fora do acampamento”
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Lucas
22, 14-23
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Jesus
parte o pão, dando-se como oferta antes de seu sofrimento
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Comentário
Caminhar humildemente com Deus significa ouvir o chamado para ir além
dos lugares de nosso próprio conforto, acompanhando o outro, especialmente o
outro que sofre.
“Nossos ossos estão ressequidos, nossa esperança desapareceu, estamos
esfacelados”. Essas palavras de Ezequiel expressam a experiência de muitos
povos no mundo inteiro hoje. Na Índia, isso acontece com o povo ferido das
comunidades dos dalits, cujas vidas falam eloqüentemente desse tipo de
sofrimento, um sofrimento que Cristo, o Crucificado, partilha. Com pessoas
feridas de todos os tempos e lugares, Jesus grita ao Pai: “Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?”
Os cristãos são chamados a entrar nesse caminho da cruz. A epístola aos
Hebreus deixa claras não apenas a realidade salvífica de Jesus, vivida nas
margens da vida, mas também a necessidade de seus discípulos irem para “fora do
acampamento” para lá o encontrarem. Quando encontramos aqueles que foram
excluídos e reconhecemos o crucificado em seus sofrimentos, fica clara a
direção em que devemos ir: estar com Cristo significa estar em solidariedade
com os que se situam nas margens, cujas feridas ele partilha.
O corpo de Cristo, ferido na cruz, é “ferido por você”. A história do
sofrimento e da morte de Cristo tem seu prefácio na história da última ceia:
então é celebrada como vitória sobre a morte em toda eucaristia. Nessa
celebração cristã, o corpo ferido de Cristo é seu corpo ressuscitado e
glorioso; seu corpo é ferido para que possamos partilhar sua vida e nele ser um
só corpo.
Como cristãos no caminho da unidade podemos freqüentemente ver a
eucaristia como um lugar em que o escândalo de nossa desunião é dolorosamente
real, sabendo que, por enquanto, não podemos plenamente partilhar esse
sacramento como deveríamos. Essa situação nos chama a renovados esforços na
direção de uma comunhão mais profunda de uns com os outros.
As leituras de hoje podem nos abrir outra linha de reflexão. Caminhar
com o corpo ferido de Cristo aponta um caminho para estarmos eucaristicamente
juntos: partilhar nosso pão com os famintos, derrubar as barreiras de pobreza e
desigualdade – esses são também “atos eucarísticos”, nos quais os cristãos são
chamados a trabalharem juntos. O papa Bento XVI organiza suas reflexões sobre a
eucaristia para a Igreja justamente desse modo: é um sacramento não somente
para ser motivo de crença e celebração, mas também para ser vivido (Sacramentum
caritatis). Combinando com a compreensão dos
ortodoxos da “liturgia após a liturgia”, aqui se reconhece que não há “nada
autenticamente humano” que não encontre sua forma e vida na eucaristia. (SC 71)
Oração
Deus de compaixão, teu Filho morreu na cruz para que em seu corpo ferido
nossas divisões possam ser destruídas. Ainda assim, o crucificamos sempre de
novo com nossa desunião, e com sistemas e práticas que põem obstáculos ao teu
cuidado amoroso e à tua justiça em relação àqueles que tem sido excluídos dos
dons de tua criação. Envia-nos teu Espírito para infundir vida e cura em nossa
fragilidade para que possamos testemunhar juntos a justiça e o amor de Cristo.
Caminha conosco em direção ao dia em que possamos partilhar um mesmo pão e um
mesmo cálice na mesa comum. Deus da vida, guia-nos para a justiça e a paz.
Amem.
Questões
§ À luz da tradição profética em que
Deus deseja a justiça mais do que um ritual sem retidão, precisamos nos
perguntar: Como a eucaristia, o mistério da fragilidade de Cristo e de sua nova
vida, é celebrado em todos os lugares por onde caminhamos?
§ Que podemos fazer, como cristãos,
juntos, para testemunhar melhor nossa unidade em Cristo em lugares onde há
feridas e marginalização?
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