ENCERRAMENTO DO MÊS VOCACIONAL


Chegamos ao final do mês de Agosto. O mês dedicado a celebrar as vocações. Nossa paróquia apresentou uma dinâmica diferente para cada semana. As Pastorais (litúrgica, vocacional e familiar) envolveram a comunidade de forma prática e acolhedora refletindo sempre o papel de cada cristão dentro da comunidade católica. Dessa forma, possibilitando o repensar e o reescrever a história vocacional de cada um.
Para encerrar esse mês, apresentamos um resumo no “olhar” de nosso pároco, Pe. Marcos, a respeito desse mês e de sua vocação.

Pascom: Padre Marcos, podemos dizer que o mês vocacional é o mês em que comemoramos o ALICERCE da Igreja?
Pe. Marcos: O mês de Agosto é o mês dedicado a oração e reflexão sobre as vocações.  É o mês que a Igreja, no Brasil,  nos chama a votarmos nossos olhares para a reflexão e oração sobre as vocações. Lembrando que vocação é um chamado de Deus e uma resposta do homem.  Deus chama para uma missão, para uma tarefa e o homem na sua liberdade responde com a sua vida com atos e atitudes. Portanto, todos nos temos vocações, todo ser humano tem a vocação, o que acontece é que no mundo em que nós estamos hoje, as pessoas não sabem que são vocacionados.  Então, celebramos esse mês de agosto o chamado que Deus faz a cada ser humano, a cada homem e cada mulher para o exercício da vida, fazendo a vontade que está no coração de Deus.

Pascom: Quando falamos em vocação sacerdotal e religiosa, qual a importância da família do vocacionado para que ele se solidifique diante do seu chamado?
Pe. Marcos: Bem, para o vocacionado é muito importante a vida familiar, o apoio, a presença da família na formação do vocacionado, seja qual for a vocação. Se falarmos na vocação presbiteral é necessário lembrar que o vocacionado nasce dentro de uma família. Hoje temos tantas formas e maneiras de famílias, porém na maior parte da nossa formação, nós recebemos dentro da família. Portanto, a importância da família é manter a origem sabendo que Deus chama alguém pelo nome, com endereço, RG, e portanto a família é o Berço Vocacional, a importância é total, o primeiro chamado nasce dentro de casa, dentro da família.

Pascom: Nesse mês, passamos também, pela vocação matrimonial. Como o Senhor vê o caminho para que os casais perseverem diante desse ataque de modernidade e “esvaziamento” das relações.
Pe. Marcos: Sim nós iniciamos o mês vocacional rezando pela vocação Presbiteral. No segundo final de semana, pela celebração dos pais, nós celebramos a Semana Nacional da Família. Rezamos pelas vocações familiares,  veja o esvaziamento das relações  entre o casal é quando se deixa de experimentar o amor na totalidade como Vocação. Onde existe amor, existe misericórdia, existe perdão, existe fraternidade. Quem ama cuida, quem ama zela, quem ama protege. Portanto, o esvaziamento das relações não se dá apenas na convivência, mas fim, pela falta de capacidade de rever os conceitos e a própria vocação, a vocação da vida matrimonial, paterna e a vocação materna. Então veja, quando o homem e a mulher conseguem compreender que o que Deus chama para  realização pessoal  se faz pelo sacramento do matrimônio, então   a esposa e o esposa tornam –se presente de Deus para que completem sua vida. Deixam de ser home e mulher, e tornam assim parte integrante do ser para responder a vocação. Portanto, a vocação matrimonial só é vivida quando se vive a experiência do amor, quando existe o amor, existe o respeito, o carinho e a confiança total.  Portanto, o esvaziamento se faz quando deixa-se de vivenciar com intensidade que o outro é presente de Deus  para a vida na realização pessoal, diante do sacramento deixa de ser um Homem e uma mulher  e tornam-se um só corpo, uma são alma e um só espírito.  Os dois juntos com Cristo.

Pascom: O último final de semana  é dedicado aos leigos e aos catequistas. Qual o papel desses vocacionados na função de formadores e evangelizadores na Igreja?
Pe. Marcos:  O último final de semana de Agosto se celebra o dia do Leigo, lembrando que o Leigo não é aquele  que não sabe fazer nada, mas  é a vocação do batizado.  Todo batizado é vocacionado  e se torna discípulo e missionário do Senhor.
 Depois celebramos também, a vocação do Catequista Ministerial, ou seja,  além de viver sua vida cristã, a qual é missão de todo cristão, a missão do Cristo continua através da vivencia  dos cristãos,  por isso os atos dos Cristãos no mundo devem ter atos, por menor que sejam,  de Cristo. Somo todos vocacionados para a missão, homens e mulheres batizados. Todo batizado tem uma missão de evangelizar e depois temos o Catequista Ministerial. Nasceu essa pastoral na igreja porque as nossas famílias foram perdendo os valores cristãos,  antigamente as nossas crianças chegavam na catequese    sabendo rezar,  e com uma  intimidade com Deus, hoje a maior parte das crianças quando chegam na  catequese não sabem nem  da existência de Deus.  E no mundo em que nós estamos  hoje, nos iludimos que a meninada sabe mexer na internet e conhece tudo  do mundo por ela e já  “ conhecem Deus” , então veja, nós esquecemos que não basta conhecer  a história de um  Cristo Nazareno é necessário fazer  uma íntima comunhão  com Jesus. Conhecer não leva a totalidade, é necessário experimentar,  Jesus Cristo é uma pessoa  tem rosto, tem uma identidade  e que nós fazemos a experiência da intimidade. Portanto, todo batizado é catequista, todo leigo e todo batizado tem a missão de evangelizar.  Com a  defasagem  das famílias dos valores cristãos  e familiares, a Igreja  sente a necessidade de ter a pastoral catequética.  Homens e mulheres que fazem a experiência profunda de intimidade com Deus que se dispõem a auxiliar os seus irmãos a vivencia da fé. Portanto, o catequista ministerial é uma vocação extremamente importante para auxiliar os seus irmão no amadurecimento, enriquecimento e vivência da fé.


Pascom: E para encerrarmos, poderia nos contar como foi a sua história de vocação? Quem foram as pessoas que te ajudaram no seu SIM? As suas dificuldades? E como é hoje ser Padre em um mundo tão globalizado?
Pe. Marcos: Bem, quanto a minha vocação eu creio que ela é fruto das orações dos meus avós. Eu venho de uma família descendentes de Italianos aonde sempre se rezou muito pelas vocações. Os meus pais em si, não foram pessoas atuantes na vida da Igreja , mas eu trouxe a herança dos meus avós, dos meus tios e dos mais velhos. E como um adolescente normal eu fiz a experiência da catequese, do crisma, minha comunidade era pequena, hoje uma cidade um pouco maior, toda minha adolescência eu vivei minha experiência de Fé na Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Olímpia. Ali aprendi a ser coroinha, fiz a catequese e o Crisma, ali me tornei acólito, catequista, fiz parte do grupo de Jovens e ali fui vivendo minha experiência de fé.  Fui amadurecendo como todo adolescente e jovem normal. 
Por um certo período, trabalhei na secretaria paroquial onde eu tive um contato maior com os padres da minha paróquia, as irmãs religiosas e ali fui amadurecendo o desejo de ser padre.  Fiz todos os estudos  normais de um adolescente e de um jovem, fiz magistério e no termino do segundo grau, já mais maduro, porque fui para o seminário aos 23 anos eu fui para o Seminário Diocesano fazer uma experiência de missão.
Eu deixei Olímpia do Norte de São Paulo e fui para  o Estado de Roraima, para diocese de Roraima  lá iniciei meus estudos filosóficos. Então uma das dificuldades do inicio da formação foi distância física da minha família.  Eu sou o filho mais velho de uma família de 5 irmãos, quando fui para o seminário  minha mãe já era enferma e meu pai já tinha falecido , eu perdi meu pai quando tinha 14 anos, ele faleceu com 36 anos, muito novo, então  das maiores dificuldades que enfrentei no início da minha formação foi a distância física da minha mãe e dos meus irmãos. Eu pertenci a Diocese de Roraima e morei e fiz o curso de filosofia no CENESC - Centro de Estudos do Comportamento Humano em Manaus. Morei por três anos com os padres jesuítas e depois vim para Teologia em São Jose do Rio Preto. 
As pessoas que meu ajudaram, eu acredito que foram meus avós eu vejo assim  que as orações deles pelas vocações sempre foram muito intensa  e desde que eu era  criança eu sempre ouvia eles rezando pelas vocações.  A reza do terço todos os dias , depois a convivência com os frades e com as irmãs , pequenas missionárias eucarísticas  em Olímpia e com  os franciscanos  da Custodia do Sagrado Coração de Jesus  que são os padres da paróquia até hoje, eu fui me apaixonando pela dinâmica de me consagrar também ao Senhor, gastar minha vida por causa do Cristo.  E foi uma longa história, os primeiros anos em Manaus, o tempo que todo o Seminarista tem as férias no meio e no final do ano, foi um tempo em que eu fiz a opção em fazer as Missões e eu tive o privilégio de trabalhar com os índios Yanomami na selva amazônica, na divisa do Brasil com a Venezuela e Bolívia. Foi uma experiência muito gratificante!
Vindo para Rio Preto terminando o curso de teologia, eu fui padre aos 30 anos,  ficando  como pároco na Paróquia São João Batista de Tanabi por 8 anos  e os dois últimos anos que morei em Tanabi eu também atendi a Paróquia de Santo Antonio de Cosmorama. Chegando em Nhandeara no dia 28 de janeiro de 2007  e até agora estou aqui esperando a vontade de Deus.
Ser Padre no mundo de hoje, veja que os tempos são difíceis  os desafios são enormes, mas vejo também que quando somos  chamados vocacionados Àquele que nos chama nos da condições de resposta. Hoje é muito mais difícil, o mundo e a sociedade perdeu seus valores cristãos e familiares, para muitos o padre é mais um, mas quando nós nos tronamos padres por vocação vamos vivenciar como alegria o “ser vocacionado”. Eu gosto de dizer que eu sou padre primeiro para mim mesmo,  eu sou padre para realizar um chamado pessoal que Deus me fez e por isso responder com alegria com minha vida, em doação ao Cristo a serviço da Igreja.  Eu só consigo ser padre para você, para o outro, se primeiro eu conseguir ser padre para mim mesmo, portanto eu vejo que no mundo de hoje é um grande desafio ser padre, mas também é uma alegria profunda eu vejo que depois do dom da vida  o maior presente que Deus me deu foi me chamar a ser padre. Sei que não consigo responder  na totalidade, eu sei que não vou agradar todo mundo, Cristo também não agradou, mas o importante é ter a certeza que ÀQUELE que me chamou me dá condição de resposta. Queria poder viver 100 anos para ser padre por 100 anos!  E se Deus  me desse o dom de ser padre várias vezes eu gostaria de ser padre várias vezes. Amo a minha vocação sou muito feliz pelo chamado que o Senhor me fez e tenho a certeza que nasci para ser padre.
Gostaria de Ressaltar que uma das alegrias do Padre é olhar para trás e observar que têm jovens que queiram fazer aquilo que estou fazendo. E rezo para nossos jovens de maneira muito carinhosa para nosso Guilherme e nosso Bruno que consigam  responder o chamado de Deus na totalidade e possam ser padres melhores do que eu.  Muito  feliz por ter dois jovens, dois vocacionados , filhos do coração, filhos da nossa paróquia  caminhando  para essa formação  e para consagração total, essa é uma das grandes alegrias  do coração de um sacerdote.  


Por PASCOM - Paróquia São João Batista de Nhandeara
De Patricia Camilo

Nenhum comentário:

Postar um comentário