Vocação Sacerdotal

“Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec.” (Sl 109, 4)

Mas quem foi Melquisedec?

Este homem foi rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo. Em Gêneses, capítulo 14, Melquesidec manda trazer pão e vinho, e abençoa Abrão, dizendo:

 “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e a terra! Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas mãos!”. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” (Gn 14, 18s)

Então percebemos que Melquisedec, muito antes da vinda de Jesus, já trazia em si a essência de Cristo. Quando ele manda trazer o pão e o vinho e após, abençoa Abrão, mesmo lhe sendo superior, testemunha a superioridade, através da humildade, a todos os sacerdotes. Sendo assim, Abrão dá-lhe o dízimo, mesmo não sendo da mesma linhagem sacerdotal.
Muito citado nas Epístolas dos Hebreus, Melquisedec se mostra uma figura maior que qualquer outro que viveu em sua época, mesmo não trazendo uma genealogia, o que era indispensável naquela época, pois a pessoa era o que sua genealogia representava, como podemos observar no texto a seguir:

“... conforme seu nome indica, primeiramente “rei de justiça” e, depois, rei de Salém, isto é, “rei de paz”. Sem pai, sem mãe, sem genealogia, a sua vida não tem começo nem fim; comparável sob todos os pontos ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre." (Hebreus, 7, 2s)

Assim como Cristo, Melquisedec traz um sacerdócio que ultrapassa a compreensão humana, sendo maior ainda que todos os sacerdotes conhecidos, pois foi lhe dado por Deus diretamente e ele vive sendo sacerdote e não se tornando sacerdote.
Diz ainda a Sagrada Escritura, que o sacerdócio passado de geração em geração pelo simples fato de passar, não dava o direito de uma simples tribo deter todos os direitos e deveres que Deus deixou e, não restringia apenas a eles a vocação sacerdotal. Mas Deus em sua imensa misericórdia e sabedoria traz um sacerdote ainda maior que todos aqueles que existia.

"Se a perfeição tivesse sido reali­zada pelo sacerdócio levítico (porque é sobre este que se funda a legislação dada ao povo), que ne­cessidade havia ainda de que surgisse outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não segundo a ordem de Aarão? Pois, transferido o sacerdócio, forçoso é que se faça também a mudança da Lei. De fato, aquele ao qual se aplicam estas palavras é de outra tribo, da qual ninguém foi encarregado do serviço do altar."(Hebreus, 7 -11 a 13)



Assim, o maior sinal dado por Deus para conosco de que todos têm o direito e o dever de ter sacerdotes foi trazer seu filho Jesus na descendência de uma tribo em que nada foi deixado de encarregar do oficio sacerdotal, que foi a tribo de Judá. E Cristo o maior sacerdote que existiu, aquele que foi fiel e temente aos desígnios de Deus, que fazia a vontade do Senhor Deus sem questionar, apresenta uma semelhança com Melquisedec, para o qual não foi deixado o sacerdócio por mãos humanas mas pela vontade de Deus.

"E é notório que nosso Senhor nasceu da tribo de Judá, tribo a qual Moisés de nada encarregou ao falar do sacerdócio. Isto se torna ainda mais evidente se se tem em conta que este outro sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec, foi constituído não por prescrição de uma Lei humana, mas pela sua imortalidade. Porque está escrito: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec. Com isso, está abolida a antiga legislação, por causa de sua ineficácia e inutilidade. Pois a Lei nada levou à perfeição. Apenas foi portadora de uma esperança melhor que nos leva a Deus" (Hebreus, 7 – 14 a 19)

Como podemos observar, Melquisedec torna em seu tempo o maior e único sacerdote, pois foi por Deus instituído e pelo coração aceito e respeitado por Abraão. Isto nos mostra que devemos respeitar os nossos sacerdotes e se formos chamados para servir precisamos atender, assim como Melquisedec e Cristo Senhor. E o que nos chama a atenção é que independentemente de onde vinham ou descendiam, se a vontade de Deus brotava no coração nada poderia ser feito, a não ser seguir e fazer a vontade Dele, pois uma vez jurado a vontade de Deus sacerdote para sempre será: "Jurou o Senhor e não se arrependerá: tu és sacerdote eternamente." (Hebreus, 7 – 21)


Para maior compreensão transcrevo o capítulo 7 da Epistola dos Hebreus, onde esclareceremos ainda mais sobre a palavra do Senhor na Santa Escritura.

"1. Este Melquisedec, rei de Sa­lém, sacerdote do Deus Altís­simo, que saiu ao encontro de Abra­ão quando este regressava da derrota dos reis e o abençoou, 2.ao qual Abraão ofereceu o dízimo de todos os seus despojos, é, conforme seu nome indica, primeiramente “rei de justiça” e, depois, rei de Salém, isto é, “rei de paz”. 3.Sem pai, sem mãe, sem genealogia, a sua vida não tem começo nem fim; comparável sob todos os pontos ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.* 4.Considerai, pois, quão grande é aquele a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dos seus mais ricos espólios. 5.Os filhos de Levi, revestidos do sacerdócio, na qualidade de filhos de Abraão, têm por missão receber o dízimo legal do povo, isto é, de seus irmãos. 6.Naquele caso, porém, foi um estrangeiro que recebeu os dízimos de Abraão e abençoou o detentor das promessas. 7.Ora, é indiscutível: é o inferior que recebe a bênção do que é superior. 8.De mais, aqui, os levitas que recebem os dízimos são homens mortais; lá, porém, se trata de alguém do qual é atestado que vive.* 9.Por fim, por assim dizer, também Levi, que recebe os dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão, 10.pois ele já estava em germe no íntimo deste, quando aconteceu o encontro com Melquisedec. 11.Se a perfeição tivesse sido reali­zada pelo sacerdócio levítico (porque é sobre este que se funda a legislação dada ao povo), que ne­cessidade havia ainda de que surgisse outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não segundo a ordem de Aarão? 12.Pois, transferido o sacerdócio, forçoso é que se faça também a mudança da Lei. 13.De fato, aquele ao qual se aplicam estas palavras é de outra tribo, da qual ninguém foi encarregado do serviço do altar. 14.E é notório que nosso Senhor nasceu da tribo de Judá, tribo à qual Moisés de nada encarregou ao falar do sacerdócio. 15.Isto se torna ainda mais evidente se se tem em conta que este outro sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec, 16.foi constituído não por prescrição de uma Lei humana, mas pela sua imortalidade.* 17.Porque está escrito: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec. 18.Com isso, está abolida a antiga legislação, por causa de sua ineficácia e inutilidade. 19.Pois a Lei nada levou à perfeição. Apenas foi portadora de uma esperança melhor que nos leva a Deus. 20.E isso não foi feito sem juramento. Os outros sacerdotes foram instituídos sem juramento. 21.Para ele, ao contrário, interveio o juramento daquele que disse: Jurou o Senhor e não se arrependerá: tu és sacerdote eternamente. 22.E esta aliança da qual Jesus é o Senhor, é-lhe muito superior. 23.Além disso, os primeiros sacerdotes deviam suceder-se em grande número, porquanto a morte não permitia que permanecessem sempre. 24.Este, porque vive para sempre, possui um sacerdócio eterno. 25.É por isso que lhe é possível levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor.* 26.Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos céus, 27.que não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro pelos pecados próprios, depois pelos do povo; pois isso o fez de uma só vez para sempre, oferecendo-se a si mesmo. 28.Enquanto a Lei elevava ao sacerdócio homens sujeitos às fraquezas, o juramento, que sucedeu à Lei, constitui o Filho, que é eternamente perfeito." 
(
Hebreus, 7 - Bíblia Católica Online)

Por PASCOM - Paróquia São João Batista de Nhandeara
De Robert R. Morales

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